Acompanhando atentamento os acontecimentos relacionados à sessão em que o Senado Federal julgou Renan Calheiros, pr. Irland decidiu escrever em 12 de julho um carta ao Senador alagoano, como não obtivesse resposta enviou uma segunda correspondência no dia 15 de setembro. Diante da falta de resposta resolveu publicá-las em seu blog, afirmando: “Faço-o, convicto de estar prestando serviço ao meu país e em paz com minha consciência”.
Leia abaixo as duas correspondências:::
Carta de 12 de julho de 2007
Excelentíssimo Senhor,
Senador Renan Calheiros
DD Presidente do Senado Federal
Quero manifestar a V. Excelência meu grande respeito às instituições e autoridades de nosso País, razão por que envio o presente apelo. Como Presidente Emérito da Convenção Batista Brasileira, entidade de que fui efetivo presidente cinco vezes nos últimos 20 anos, e Pastor Batista há quase quarenta e sete anos, posso informar a V. Excelência que adotamos como praxe, como questão ética indiscutível, o afastamento do exercício do cargo para livre apuração de fatos, sempre que um presidente recebe uma grave acusação.
O presidente, seja da igreja local, seja de uma convenção na esfera estadual ou nacional, afasta-se do exercício da presidência, um dos vice-presidentes assume, é feita a investigação; provada a inocência do presidente, ele reassume suas funções. Caso contrário, ele renuncia ou é exonerado.
Ora, Senhor Presidente, se V. Excelência afirma categoricamente ser inocente das acusações que lhe fazem, deve tranqüilamente e com dignidade afastar-se do exercício de seu cargo e permitir a apuração dos fatos alegados, garantindo-se-lhe, fora da presidência, todo o direito de defesa.
Admira-me que o Regimento Interno do Senado não tenha dispositivo, disciplinando esse procedimento.
O Brasil precisa de paz, suas instituições precisam de ordem, sua vida socioeconômica precisa progresso, sua juventude precisa de exemplos de homens de bem, e é mister que se restaure a credibilidade das instituições democráticas e dos políticos. Vossa Excelência pode contribuir decididamente para o bem do Brasil.
Respeitosamente,
Irland Pereira de Azevedo::
Carta de 15 de setembro de 2007
Excelentíssimo Senhor
Senador Renan Calheiros
DD Presidente do Senado Federal
Senhor Senador:
É a segunda carta que envio a Vossa Excelência. A primeira foi em 12 de julho, e nela sugeria que V. Exa abrisse mão do exercício da Presidência do Senado e permitisse ampla investigação que resultasse na comprovação de inocência, afirmada e reafirmada em suas declarações. Não obtive resposta. Caso isso tivesse ocorrido, poderia V. Excelência agora voltar e reassumir a Presidência, sem o constrangimento que deve estar sofrendo, em face da opinião pública e do sentimento expresso por seus pares e correligionários no Senado.
Por outro lado, caso V. Excelência tivesse pedido sessão pública e votação aberta no Senado, para votação de seu processo, sua posição ter-se-ia agigantado diante do egrégio Senado Federal e da opinião pública brasileira, e quiçá internacional, inclusive deste eleitor atento aos sucessos da vida pública, sempre a desejar o bem e a prosperidade do Brasil.
Ocorrendo como foi a sessão, a portas fechadas e com voto secreto, o resultado do julgamento de seu processo no plenário do Senado constituiu, na verdade, uma vitória de Pirro. É o que escrevi hoje em meu blog.
Senhor Senador: todos perdemos e sua vitória não logrou desnublar os céus da vida política no Brasil e acender em nosso coração esperança de dias melhores. Ainda há esperança, todavia. Creio em Deus e peço novos dias para o Brasil.
Estou persuadido de que sua renúncia à Presidência do Senado poderá ainda recuperar parte da dignidade maculada ao longo desses meses de luta inglória e enorme sofrimento para V. Exa e todos nós.
Respeitosamente,
Pr. Irland Pereira de Azevedo.
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