quinta-feira, 4 de junho de 2009

A caravana passa...

(Editorial do Fontebrasil de 5/6/2009)

... E o estado de Roraima, como sempre, permanece estacionado no tempo e no espaço. Mudam-se as figuras do poder, mas o status quo não sofre alteração para melhor nem a poder de pau.

Aliás, por estas bandas mudam-se tudo para tudo continuar igual, como sempre. Do mesmo modo, o contracheque oficial continua hoje, como há 30, 40 anos, o principal motor da economia.

O governo local – tanto na esfera estadual como na municipal –, a exemplo do federal, está mais mão-aberta, mais perdulário, não resta dúvida. Mas continua trabalhando sem um norte, sem um objetivo final a ser alcançado. Apesar dos altos aportes de recursos, não se pode dizer que o estado viva um momento de estabilidade financeira.

Um exemplo da bandalha com o Erário é o Perdidão, um arremedo de viaduto que parte do nada para lugar algum. Sem qualquer objetividade, milhões e milhões de recursos do Erário foram para ali canalizados. E não aparece uma autoridade local para questionar a falta de trato para com o bem público – os recursos.

"Está dominado, está tudo dominado!”. Ninguém mais se indigna com coisa alguma, muito menos quem deveria – vereadores e deputados estaduais, lídimos fiscais do Executivo no estado e no município, respectivamente.

O IDH, o índice que mede o nível de bem-estar da população, continua de dedo em riste para essas autoridades refratárias, intimando-lhes as consciências – se é que ainda as tenham – para a necessidade de acordar do torpor em que estão mergulhados, não conseguindo enxergar o que se passa a um palmo de seus narizes – ou de seus bolsos.

A imprensa, a nossa impoluta imprensa roraimense, também tem seu mea-culpa a fazer. Tem sido tão conivente com tudo isso quanto às reclamadas autoridades aqui expostas. Poucas vozes se levantam como arautos da verdade em busca de uma saída para o mal-caratismo institucionalizado.

Voltando ao IDH, vê-se que o do Brasil é de 0,800 (média – números do PNUD de 2007), enquanto o de Roraima não passa de 0,750 (média entre os municípios). Isso tudo é fruto de uma visão estrábica de nossos representantes.

Deputado quando espera na antessala (será que é assim que se escreve?) do governador não é para buscar benefícios para a comunidade que diz representar, mas para liberar fatura da própria empresa ou para pedir emprego para um integrante de seu “curral”.

O que fazer diante de quadro tão dantesco? Queixar-se ao bispo? E se ele for paraguaio? Calma. Tem, sim, uma saída. E ela não deve vir por via da força da baioneta, como alguns pregam. Pode estar ali na esquina de 2010, a força do voto. Mas... será que nós queremos mesmo essa saída?

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