(*) FRANCISCO ESPIRIDIÃO
O Supremo decidiu. Para ser jornalista, trabalhar em redações produzindo matérias, apurando informações, checando fontes, opinando sobre alhos e bugalhos e demais ações próprias do bom Jornalismo, ninguém precisa mais exibir diploma de curso específico. Concordo.
Advogo a não-exigibilidade do diploma antes mesmo de começar a frequentar as primeiras aulas do Curso de Comunicação Social da UFRR, mais de 17 anos atrás, no início de 1992. Ainda não tinha em mãos qualquer diploma e já me considerava jornalista de fato e de direito.
Acredito que escrever é talento. Não se aprende em Escola de Comunicação. Ou você tem, ou pula do barco. Procura outra profissão. Escrever é como jogar futebol. O sujeito já nasce com o jeitinho para a arte. Ou será um eterno perna-de-pau.
A academia, então, é de todo inócua? Decerto que não. Ajuda a aperfeiçoar o talento. Funciona como um atalho para o indivíduo alcançar mais cedo o que a experiência pode revelar com o tempo. Buscar a Universidade, nesse sentido, só enaltece o profissional.
Acredito que o fato de ter frequentado o Curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo só me engrandeceu. Lá eu aprendi muitas outras coisas interessantes e que me servem hoje como conhecimentos periféricos, porém importantes, no desempenho da profissão.
Dizer que agora, com a queda do diploma, qualquer um pode ser jornalista é um grande engano. Ao longo de minha caminhada de quase 25 anos nas redações, já vi muita gente boa tentar fazer parte dessa “confraria”, sem êxito.
Não porque a confraria se mostrasse inacessível, e sim porque o candidato não apresentava as qualidades natas de um membro dela. Não tinha aquilo que se chama verve.
Quando se lê um artigo, parece fácil escrevê-lo. Só parece. Fazer as argumentações dentro dos parâmetros aceitáveis, trafegar com desenvoltura pelo labirinto de ideias e fechar o pensamento com elegância não é para qualquer um. É coisa para quem tem talento.
Com a queda da reserva de mercado, firmar-se como jornalista será tarefa mais difícil ainda. Isso, porque o pomposo “Eu Concedo” proferido pelo magnífico reitor na solenidade de colação de grau não foi – como nunca será – passaporte seguro para o desempenho do bom Jornalismo.
O talento fala – e sempre falou – mais alto. Definitivamente, ao contrário do que dizia Ivan Lins em uma de suas músicas, não somos todos iguais nessa noite!
(*) Jornalista com diploma, e-mail: fe.chagas@uol.com.br.
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