terça-feira, 16 de junho de 2009

Imprensa livre

(Editoral do Fontebrasil, de16/6)

Registros feitos nesses últimos dias acenderam a luz vermelha no que se refere à liberdade de imprensa em Roraima. O fato de jornalistas serem chamados a depor em inquéritos policiais como testemunhas é algo que remete de imediato a uma etapa da vida brasileira nada alvissareira, que se quer morta e sepultada.

Quem viveu os “dias de ira”, representados pelo AI-5 e outros instrumentos de cerceamento, quando por qualquer mal-entendido jornalistas eram detidos e obrigados a passar dias e noites sob o domínio do medo nos porões dos DOI-Codi, sabe o quanto é perigoso qualquer resquício de autoritarismo de Estado, especialmente de um Estado policial.

Tentativas de amordaçar a imprensa vicejam ciclicamente. Isso, não só no Brasil, em particular, mas na América Latina como um todo. Mais acirradas, então, quando sob a égide de governos que se querem populistas.

Exemplo mais recente é o da Venezuela, onde pelo menos uma estação de TV – a mais importante do país, a RCTV – foi fechada sob a justificativa de estar agindo contra a “revolução bolivariana”, uma estrovenga sem pé nem cabeça criada pelo “companheiro” Hugo Chávez.

Este Fontebrasil entende que qualquer pensamento que venha em prol do cerceamento da liberdade de imprensa representa um retrocesso diante de tudo o que o Brasil já avançou nessas décadas pós-regime de exceção. A ordem é avançar. Para isso, faz-se necessária uma imprensa séria, ética e vigilante. Mas, acima de tudo, livre.

A imprensa livre de quaisquer amarras tem seu papel relevante na sociedade. Sem ela não haverá democracia, vez que os atos e fatos importantes ficarão sempre restritos à penumbra, sobressaindo-se apenas aqueles que interessam aos governantes de plantão.

Portanto, as denúncias feitas por um órgão de imprensa local na semana passada não devem passar em brancas nuvens. Precisam ser investigadas sob os holofotes da sobriedade – nem tanto à terra, nem tanto ao mar. A sociedade merece uma resposta à altura da preocupação que o fato gerou e gera, sempre que resolve pôr o cocuruto de fora.

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