Por Francisco Espiridião
Você sabe com quem está falando? ... Essa retórica frase, tão incisiva e carregada de autoritarismo, tantas vezes repetida no chamado regime de exceção, vara os tempos com extremado vigor. Está fincada, com profundas raízes, na vida brasileira, especialmente nos vastos guetos onde imperam a falta de educação e de cidadania.
Falo isso em razão da genuflexão que determinados parlamentares e ocupantes de cargos eletivos outros exigem para si daqueles que os põem no pedestal. É claro que não estou falando do proceder de “suas excelências” em tempos de campanha política, a exemplo dos dias atuais. Nessas condições, são todos “gentlemans”. Sorridentes e agradáveis cavalheiros (e damas).
Na verdade, não passamos de idiotas. Não aquele tipo que escavaca o dente com o palito, olhar perdido no infinito. Mas sim, aquele que se enquadra na definição clássica dos “idiótes”, do antigo grego: aquele que não participa ativamente da política; que passa ao largo do “making off” da vida cotidiana, perdido em seu mundinho. E justifica: “É assim porque Deus quer”.
Não fôssemos idiotas, primeiro, não venderíamos nosso voto e, segundo, saberíamos cobrar com autoridade as promessas que nos são impostas goela abaixo nas campanhas. Ao invés de nos dobrarmos, subservientes, devíamos saber que os parlamentares – assim como mandatários dos Poderes Executivo e Legislativo – são pagos por nós, anônimos cidadãos.
Certa vez tratei de igual para igual determinado deputado recém eleito, e fui repreendido por um colega de redação, tão logo a “autoridade” deixou o recinto:
– Você não tem noção das coisas, rapaz? Como é que você trata um deputado desse jeito, com todo esse desrespeito?
Essa é a ideia. Se é deputado, pode tudo. Se é senador, faz o que lhe der na telha que está tudo certo. E nós, os eternos idiotas, apenas dizemos “amém”. Se falar alguma coisa, prepare-se para o paredão. Ou, no mínimo, para ouvir a célebre frase: “Você sabe com quem está falando?”.
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