sábado, 12 de abril de 2008

General diz que Brasil pode perder parte de Roraima

Do G1, em São Paulo

O comandante do Exército na Amazônia, general Augusto Heleno Ribeiro Pereira, disse na quarta-feira (9) que o Brasil está caminhando para perder parte de Roraima devido às demarcações de terras indígenas, de acordo com reportagem desta quinta-feira (10) do jornal "O Estado de S. Paulo".

- Roraima está acabando, porque o território indígena é maior que o do estado -, disse o general, segundo relata o jornal. Para Heleno, a política indigenista brasileira "está na contramão da sociedade, conduzida à luz de pessoas e ONGs estrangeiras".

O general também criticou a Declaração dos Direitos dos Povos Indígenas, aprovada pela ONU com voto favorável do Brasil, que garante aos índios a posse e controle autônomo de territórios por eles ocupados.

"Enquanto eu for comandante militar, minha tropa vai entrar onde for necessário", disse. "Segundo essa disposição, se um chefe ianomâmi resolver proclamar-se imperador, já que pode escolher o regime político, vamos ter de acatar sua decisão", ironizou o general.

Segundo o jornal, o comandante da Amazônia observou que um indício de que as ONGs estão por trás da questão indígena é que muitos índios não têm condições de formular reivindicações que fazem. "Há ONGs picaretas entre as 220 mil que atuam no Brasil."

O secretário de Comunicação do governo de Roraima, Rui Figueiredo, afirmou ao G1 que o governo do estado concorda com a posição do general. Figueiredo destacou que hoje as demarcações de terra indígenas correspondem a 46,31% do território do estado.

O G1 procurou também a Fundação Nacional do Índio (Funai) para comentar as declarações do general e aguarda retorno.

Raposa Serra do Sol

Na quarta-feira (9), ao comentar a disputa em torno da retirada de não-índios da terra indígena de Raposa Serra do Sol, o governador de Roraima, José de Anchieta Júnior (PSDB), disse que existem interesses internacionais em jogo no estado.

"Na realidade, este sentimento que aflora na Amazônia é que há um interesse externo, há interesses estrangeiros, de pessoas a quererem determinar o futuro da nossa Amazônia. Nós temos hoje na Amazônia mais de mil organizações não-governamentais", afirmou Anchieta Júnior, em entrevista à Globo News.

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