quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Olhando para nosso umbigo

Por FRANCISCO ESPIRIDIÃO

Peço vênia para plagiar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e usar dois de seus mais frequentes jargões: estou cada vez mais convencido que este país vive de perfumaria. Da marca mais vagabunda.

Para muitos, vivemos no melhor dos mundos. Essa impressão é também compartilhada pela comunidade internacional. É festa para todos os lados. Não faz tempo, nosso presidente foi classificado como "o cara" pelo presidente americano Barack Obama.

A cada dia ele recebe novas loas da comunidade internacional, confirmadas pela aprovação interna, que, como balão de gás, sobe a bater nas nuvens. Investimento de verdade, o fazer para a posteridade, que é bom, muito pouco.

O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) mais parece o conto do PACo. Como diria o cabôco, faz água por todos os lados, feito canoa furada. Denúncias de malversação de recursos em uma frente, fraudes de toda sorte na outra, obras embargadas aqui e acolá... Tem de tudo. Só não tem o cumprimento do Orçamento.

As queixas de Lula contra o Tribunal de Contas da União (TCU) abundam. Para ele, mora aí a razão da pasmaceira. Segundo o site Contas Abertas (http://contasabertas.uol.com.br), a apenas dois meses do fim do ano, dos R$ 27,9 bilhões previstos no Orçamento, foram empenhados R$ 14,8 bilhões, algo em torno de 53%.

Empenho, no entanto, não significa desembolso. É apenas uma promessa de pagamento. Pagamento efetivo de despesas, só R$ 11,4 bilhões, o que representa nada mais que 40% dos recursos orçamentários.

Essa falta de compromisso com a coisa pública, diga-se, não é só do Governo atual. Este é tão equivocado quanto os demais que o antecederam. O breu que tomou conta de nove Estados nessa noite é emblemático.

Lula reconhece que, em termos de geração de energia, o que o País dispõe hoje é herança dos governos militares. Alguma coisa foi feita, mas de forma muito pontual.

Quanto a nós, macuxis, bem... Apagão é lá com eles. Continuemos, pois, olhando para o nosso próprio umbigo. Certo? Errado! Não estamos longe de, também, sermos acometidos dessa doença.

Bom lembrar que nossa energia elétrica é gerada em Macagua (Guri), na Venezeula. Nossos vizinhos bolivarianos vivem profunda crise no setor, a ponto de seu presidente recomendar a cada patrício manter na cabeceira da cama uma lanterna, para não ligar a luz no meio da noite, no momento de aliviar a bexiga.

Eis o alerta. Com a palavra, políticos da bancada federal.

(*) Jornalista; e-mail fe.chagas@uol.com.br

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