terça-feira, 8 de março de 2016

Isso é uma vergonha!!! Voltamos ao tempo da luz de velas.


O trauma vivido ontem, das 16h21 quando faltou energia na minha casa até seu retorno às 23h22 (três apagões seguidos), confesso que perdi completamente a vontade de escrever esta coluna, absolutamente encolerizado com esses constantes blecautes. Mas não posso deixar de manifestar minha indignação e meu juízo sobre esse drama vivido pela população de Boa Vista em função do caótico problema energético que consome a tranquilidade, tira o sono e causa uma verdadeira hidrofobia nas pessoas.

O que está acontecendo em Roraima é o resultado de uma crônica anunciada. Todos já sabiam que os poucos mais e 100 megawatts adquiridos da Venezuela não seriam suficientes para abastecer Roraima pelo resto da vida. Mas nenhum proeminente foi capaz de prevê que a desgraça um dia viria. E veio. Estamos vivendo hoje talvez os dias mais abstrusos de nossas vidas, porque está certificado que o colapso total  se dará em breve. É só uma questão de dias porque a Venezuela, quebrada, vivendo uma catástrofe, não consegue mais nos sustentar. E a construção de usinas térmicas que foram anunciadas como a libertação temporária, não passam de uma grande mentira.

Trinta anos vivendo em Roraima jamais senti tanta insegurança, tanta dúvida, diante das improbabilidades de que o saneio da questão energética virá nos próximos dias, nos próximos meses, sei lá, daqui há anos. Pude sentir ontem que o ódio é o cão raivoso que ataca o próprio dono. Me vejo em Roraima dos anos 80 quando a falta de energia elétrica não causava tantos transtornos, porque naquela época a resignação não atormentava as pessoas, não produzia odiosidade. Porque não havia expectativa e nem saídas, ou seja, o conformismo produzia calma suficiente na população, porque diante de qualquer saída provável para o problema, havia a certeza de que nada seria resolvido. E tudo se decidia com um pequeno gerador de energia ou meia dúzia de velas.

O problema da falta de energia em Roraima não é estrutural, é de vergonha mesmo. Dinheiro existe, o que falta é comprometimento e vontade política. Os proeminentes que dominam Roraima só se apercebem que os problemas são reais quando pessoas são vitimadas. É como se estivessem regendo uma fanfarra desafinada, porque desde a elevação a condição de Estado, Roraima sofre o revés dos os grupos dominantes que agem em amparo aos seus próprios desejos. Nunca, nessas duas décadas, houve coletividade, aderência em torno de uma causa.

Os apagões continuarão causando angustia e agonia em todos nós, porque não há um projeto que possibilite uma matriz energética capaz de gerar energia segura e confiável para Roraima nos próximos 3 anos. E a tão sonhada linha de transmissão que viria de Manaus, interligando o Estado ao sistema de distribuição nacional, através da Hidrelétrica de Tucuruí, no Pará, não passa de uma quimera, de um devaneio, uma ilusão e nada mais.

Até que emergiu um sonho em todos nós quando no ano passado partiu em direção a Brasília um verdadeiro cortejo, que tinha de governador a síndico de condomínio e numa entrada triunfal obteve respostas positivas para a questão energética roraimense, levantando o entusiasmo em todos quando foi dito que o “Linhão de Tucuruí” viria. Não veio. E apesar das licenças, das anuências, e até da palavra da presidenta da República, fomos achatados, derrotados por meia dúzia de índios.  NÃO!!! O problema não é estrutural. Os apagões que testemunhamos ontem são a confirmação de que esse é apenas um problema de conjuntura. Se o problema fosse mesmo estrutural teria tido apenas um único apagão.

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