Por Ateneia Feijó (Blog do Noblat)
Amanhã, dia 27, a militância petista realizará uma mobilização nacional em comemoração aos 65 anos de Lula. Em todo o país haverá atos, caminhadas, carreatas e comícios carregados de emoção extremada. Mas o presidente antecipou-se à festa e revelou-se mais do que nunca o cara... de pau.
Desde a semana passada ele vem fazendo chantagem emocional junto aos eleitores, pedindo-lhes de presente de aniversário a vitória de Dilma Rousseff. Presente de aniversário! E até frisou não se importar com o atraso da data de entrega: domingo, 31 de outubro.
Portanto, eleição não tem mais conexão com propostas, programa de governo ou preocupação com o futuro do país. Passou a ser apenas uma questão pessoal de dar ou não o presente pedido por um governante carismático, em mais um de seus devaneios monarquistas. E que, exatamente por isso, merece que se pergunte: estareis vós preparados para a festa de posse do escolhido ou da escolhida para a incumbência da presidência do Brasil a partir de 2011?
E Dilma, o que pensa sobre isso? Em entrevista ao Jornal Nacional, declarou acreditar ter sido a segunda mulher mais votada da história do planeta, ultrapassada somente por Indira Ghandi. A mulher-Lula referia-se aos 47 milhões de votos recebidos no primeiro turno. O que equivaleu a ter sido aprovada por 46,9% do eleitorado e reprovada por 53,1 %.
Para reforçá-la, o presidente do PT José Eduardo Dutra enfatizou que ela é a campeã na América Latina, comparando-a com Cristina Kirchner, que se elegeu com cerca de 8 milhões de votos; ou 45% do eleitorado ( o suficiente, na Argentina, para ganhar a eleição). Dutra convenientemente esqueceu-se de contabilizar o número dos eleitores brasileiros: 135.8 milhões.
Mais impressionante e preocupante, porém, foi a comparação com Indira Ghandi. A durona primeira-ministra da Índia, eleita pela primeira vez em 1966, governou por 18 anos. Sua campanha para acabar com a pobreza promoveu um controle de natalidade com esterilização em massa. E, entre outras coisas, também decretou "estado de emergência" e censurou a imprensa.
Durante seu último mandato, agravaram-se os conflitos internos e os confrontos violentos entre diversos grupos étnicos e religiosos. Em junho de 1984, mandou tropas invadirem o Templo Dourado para conter uma rebelião dos Sikh. Segundo o governo indiano, a invasão do local sagrado terminou com a morte de 600 pessoas; militantes religiosos e soldados. Outras fontes afirmaram que os mortos foram cerca de 1.200.
Em seu livro autobiográfico "A primeira luz da manhã", a escritora indiana Thrity Umrigar fala com leveza de seu país governado por uma primeira-ministra que apreciava o culto à personalidade. De uma "Mãe Indira" eleita para cuidar e proteger o povo "do caos e da autodestruição". Mas que acabou se revelando tirana e alcançada por boatos de que o filho, o tecnocrata Sanjay, roubava e protegia seus comparsas corruptos...
Quem teria sugerido jogar Indira Ghandi na campanha petista? Parece que alguém deu um toque, a tempo, de que não era uma boa idéia. E, de uma hora para outra, a mamãe Dilma a deixou de lado. Ainda bem. Indira foi assassinada por dois membros de sua guarda pessoal. Ambos pertenciam ao grupo Sikh. Eles a mataram quatro meses depois da invasão ao Templo Dourado. Um dia de tragédia difícil de esquecer na Índia: 31 de outubro. Toc-toc. Aqui é dia de festa.
Ateneia Feijó é jornalista
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