quarta-feira, 19 de março de 2008

Nó de porco

É certo que, em política, as coisas são mais voláteis que a posição das nuvens. Principalmente com o modelo partidário em curso, onde fidelidade é artigo em falta no mercado.

Mas, que o quadro que se desenha é sombrio e preocupante, lá isso é.

Todos sabem que o candidato declarado (eu disse declarado, não do coração) a prefeito de Boa Vista do governador Anchieta Júnior é o deputado federal Luciano Castro (PR).

Trata-se de acerto antigo, alinhavado não por ele, mas herdado do saudoso Ottomar Pinto. Se será cumprido, aí vão outros quinhentos.

O senador Romero Jucá (PMDB) jura de pés juntos que uma possível união entre o seu sólido grupo e o do governador Anchieta Júnior passa ao largo das eleições deste ano.

Idéia, aliás, que parece improvável. Mas, digamos que isso seja possível. O panorama real mostra hoje um Iradilson Sampaio fortalecido. Vai disputar a reeleição. E, no atual quadro, com reais chances de vitória. Na Capital, seu nome tem aclamação geral, especialmente pelo trabalho que vem executando.

Há de se considerar, no entanto, a possibilidade de uma pedra no meio do caminho. Pedra em forma de um racha por conta da união Jucá - Anchieta, recheada pela birra deste último, em bater o pé para manter o acordo costurado pelo antigo e saudoso chefe.

Divorciado do seu quase-perpétuo grupo político (Jucá à frente), Iradilson manteria todo esse gás? É um caso a pensar.

Recuemos às primeiras idéias desta nota. A volatilidade das nuvens é pouco para expressar todo esse emaranhado de situações. Lembremos, então, que em política até boi voa – axioma plantado por Hélio Gueiros, do Pará, e bem cultivado ao longo dos tempos por Ottomar.

Diante de tudo isso, uma mosca continua zumbindo nos meus ouvidos: que proveito teria um casamento Jucá - Anchieta nessas condições? Isto é, fazendo de contas que outubro de 2008 não existe, e tendo como alvo apenas o não tão longínquo, por assim dizer, 2010?

Outra perguntinha safadinha: se ela acontecer, como vai se arranjar o grupo governista para acomodar os interesses internos, que, diga-se, não são poucos?

Jucá estaria pronto a jogar aos leões o antigo aliado e se converter feito cristão novo ao grupo helio-campense? Haveria alguma chance da correlação de forças, nesse caso, ser inversa? Ih, chega!

Muita água ainda deve rolar debaixo da ponte até que se conheça realmente o curso desse rio. Quem viver verá!

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