terça-feira, 18 de março de 2008

Habemus chocolate

Francisco Espiridião

Pode faltar ovos de páscoa no mercado local. De tão bombástica, a notícia mereceu destaque na imprensa neste início de semana. Sem qualquer sombra de dúvida, Roraima não será o mesmo (há quem diga “será a mesma”, eu discordo) sem ovos de páscoa.

Essa, digamos, imperdoável falha para o setor alimentício tem lá suas razões. Não se alardeie aos quatro ventos que o disparate seja conseqüência de relaxamento esplendoroso ou mesmo pequeno descaso da parte de nossos representantes comerciais. Nada disso.

O que houve, isso sim, foi uma desconfiança do setor produtivo, aquele que mora a milhares de quilômetros da Capital macuxi. Segundo informações advindas de comerciantes responsáveis pelo abastecimento cá entre nós, as fábricas localizadas no Centro-Sul do País encolheram a produção em pelo menos 40 por cento.

A justificativa dos fabricantes para tamanha parcimônia é que eles não conseguiram montar um parque produtivo capaz de suprir a demanda. Foram incompetentes. Faltaram máquinas e equipamentos.

Uma falta grave, gravíssima, que só demonstra o quanto esses empresários do Sudeste são insensíveis. Em nenhum momento pensaram no transtorno que causariam ao povo boa-vistense.

Onde já se viu uma coisa dessas! Deixar o roraimense sem ovos de páscoa exatamente na Páscoa. Não tem macuxi que agüente uma desfeita dessas, ora pois.

Mas esperemos um pouco. Tal como no complexo de Pollyana, há de se olhar essa questão por outro ângulo. E se ela estiver eivada de controvérsia? Aí a coisa muda de figura. Vejamos, portanto, com outros olhos (de quem, não me perguntem). Se por um lado, é mau, de outro pode ter seu ponto positivo.

Afinal, ela abriu oportunidade para os fabricantes autóctones. Uma família, segundo o relato da imprensa local, pretende vender algo entre 5 mil e 7 mil unidades. Todas de fabricação própria. Menos mal.

Os recursos aplicados na fabricação de tão imprescindível alimento vão, enfim, circular dentro do Estado, gerando emprego e renda. Entre mortos e feridos, estamos todos salvos da grande hecatombe.

Habemus chocolate!

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