sexta-feira, 21 de março de 2008

Se fosse de morrer...

Em determinado dia do ano passado, o Presidente Luis Inácio Lula da Silva disse que a saúde do Brasil estava próxima à dos países do Primeiro Mundo. O que faltou esclarecer foi a que tipo de saúde e a quais pacientes estava ele se referindo. Talvez aos que fazem parte de uma pequena “casta” que, de tão pequena, não representa o povo brasileiro.

Ela existe, para espanto de qualquer desavisado. Em alguns ministérios, os servidores contam com recursos públicos destinados no próprio Orçamento, pasmem, para o pagamento de planos de saúde privados e realmente eficientes e eficazes. Não quaisquer planos de saúde. Eu disse: eficientes e eficazes.

Para esses brasileiros, mais brasileiros que os demais, a saúde está realmente se equiparando à do Primeiro Mundo. Já para os demais, sobra aquela, semelhante à de países como Haiti e tantos outros, onde democracia é palavra alheia ao sentimento coletivo, e o que menos importa é o ser humano.

Alguém duvida? Veja, então, um resumo do que tem ocorrido no Brasil nestes últimos dias: médicos e auxiliares entram em greve em vários Estados (em especial no Nordeste); hospitais fecham as portas por falta de recursos financeiros; pessoas morrem nas filas de atendimento médico Brasil afora; doentes jogados ao chão dos corredores de hospitais e ambulatórios, sofrendo suas dores sem que nenhum socorro os alcance; ameaça de epidemia de febre-amarela agravada pela falta de vacina em vários pontos do País; epidemia declarada de dengue no Rio de Janeiro e ameaça de se tornar realidade em vários outros Estados (a manchete do UOL de hoje à noite é: “Rio tem um caso de dengue a cada minuto”); doentes que precisam ser atendidos com urgência têm suas consultas marcadas e remarcadas para meses e meses à frente, entre outras mazelas.

E em Roraima? Engana-se quem pensa que somos uma ilha e que passamos ao largo de todas essas dificuldades. O que nos falta é alguém disposto a alardear a dura realidade.

Há quase três meses, procurei o Centro de Diagnóstico por Imagem (CDI), da Secretaria Estadual da Saúde, ali na Avenida Brigadeiro Eduardo Gomes. Buscava a possibilidade de realizar um exame estranho, chamado cateterismo.

Exame de esteira constatou que sofro de isquemia. Dependendo do resultado do cateterismo, terei ou não de me submeter a uma angioplastia (no popular, desentupimento de artérias do coração), sob pena de sofrer infarto. A angioplastia ainda não é realizada em Boa Vista.

Dei entrada no pedido do cateterismo no CDI, em janeiro. A promessa era que em fevereiro – sem dia marcado – um médico de Brasília estaria em Boa Vista para realizar o exame. Não precisava me preocupar. Iria ser informado com antecedência, por telefone, disse-me a atendente.

Eu acreditei. No entanto, passou o Carnaval, e nada. Passou o dia que caracteriza o ano bissexto, e nada. Como dizem que quem precisa é quem se estira, fui até lá saber por que não me chamaram.

Aí me foi dada a notícia real, dura, na bucha: o médico veio, mas não foi possível atender os pacientes – muitos na fila. Umas borrachinhas da máquina se quebraram e, por se tratar de equipamento antigo, não foram encontradas para reposição nem em Manaus nem em São Paulo.

Sugestão da atendente:

- Se o senhor tiver recursos, procure fazer isso em Manaus, lá existem tanto equipamentos como bons profissionais.

Moral da história: se fosse caso de morrer, vocês não estariam lendo estas lamúrias. Tem nada não. Vou seguir a sugestão da atendente. Vou fazer o tal exame em Manaus. Via plano de saúde. A Karen já está mantendo os contatos telefônicos. Aliás, aqui vai – e de graça – um depoimento de usuário satisfeito: a Unimed faz a diferença.

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