Por Francisco Espiridião
O Brasil vive um momento interessante como sociedade. Interessante e melancólico ao mesmo tempo. Os valores éticos e morais entraram há muito em zona de conflito. Invertendo-se, rumam ao mais profundo do abismo. De roldão, as pessoas se dispõem a aplaudir – e com maior ênfase – o que de pior se tem produzido.
O grotesco, que sempre as civilizações fizeram tanta questão de escamotear, de jogar debaixo do tapete, ou quando muito expô-lo em seu devido e reservadíssimo compartimento, agora, transforma-se em lugar comum. Aliás, dá ibope.
É complicado falar, mas, a televisão brasileira parece que perdeu de vez o juízo. Descambou para a inversão da ordem. Passou a esbanjar uma força, uma vitalidade ímpar naquilo que há de mais aterrorizante. Casos como o do goleiro Bruno não saem da telinha – estão em evidência quase 24 horas por dia.
O terror permeia tanto na propagação de ideias bizarras via entrevistas com ocas celebridades – ósculo significa os óculos, por exemplo –, ou na difusão de uma plástica surrealista voltada para a monstruosidade, digna de provocar inveja em Francis Bacon (o pintor, 1908-1992).
Da enlouquecedora clausura permissiva batizada pela TV Globo de Big Brother – versões 1, 2, 3… 10 – a
arrotar na cara das pessoas – Mulher Arroto, interpretada por Vanessa Barzan no famigerado Pânico na TV, da RedeTV –, o que mais aparecer será café pequeno.
Em busca de vitaminar a audiência e engordar a já polpuda conta corrente dos donos, as emissoras televisivas há muito deixaram de primar pelo que há de belo e honroso a ser mostrado ao ávido telespectador. Optaram por aquilo que mais provoca o asco, a ojeriza. E, pior: toda essa baixaria – pasmem! – encontra público cativo.
À medida que o tempo passa, o ser humano parece extrapolar da sua condição de mísero pecador, descambando mais e mais para a categoria ou índole dos irracionais demoníacos, cujo principal representante neste mundo é o suíno.
Pouco lhe sobra do comportamento da ovelha, aquele ser que não suporta macular-se. E, quando isso acontece, quase sempre por circunstâncias adversas, só sossega quando consegue tornar seu pelo alvo como a neve.
A aprovação do casamento gay pelos “hermanos” está, sem dúvida, sendo vista por boa parcela da sociedade brasileira como um grande e necessário avanço no setor das relações humanas. Logo-logo a ideia cruza a fronteira e se instala entre nós. Esquece-se essa parcela que a ideia sequer é original.
Quatro mil anos atrás, num momento de completo distanciamento de Deus, os homens tinham no casamento gay a coisa mais natural do mundo. Tão natural a ponto de o Excelso Criador mostrar sua indignação, mandando cair fogo do céu a destruir as duas cidades mais avançadas da época, Sodoma e Gomorra.
Esqueça-se, porém, essas histórias. São coisas do passado. Civismo, honra, dignidade, moral, tudo. Todos, conceitos ultrapassados. A hora é de se esbaldar. De tomar um “porre de felicidade”. Hora de inebriar os olhos com quadros educativos como a imitação “altruística” do comportamento de Amy Winehause, no “Pânico”.
Enfim, é hora de se praticar o hedonismo em sua mais pura tradução: “Comamos e bebamos, que amanhã morreremos”. O que se deixará de legado às futuras gerações? Ah, essa será outra história. “Mas Deus lhe disse: Insensato, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?” (Lucas 12.20).
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