terça-feira, 27 de julho de 2010

Um crime só é crime até ser legalizado, ora pois!

Por Francisco Espiridião

Uma notícia estampada no Jornal de Brasília Online desta terça-feira chamou-me a atenção: “O candidato a Presidência da República pelo P-Sol Plínio de Arruda Sampaio disse ser favorável à legalização do aborto, liberação da maconha e ao reconhecimento do casamento gay”.

Sem qualquer falso moralismo, para mim, as três coisas em nada podem ser comparadas a um som de Tim Maia, apesar de estarem enquadradas no ideário recorrente conhecido como “politicamente correto”.

Acredito que pelo alcance das questões, por mexer com o inconsciente coletivo, não devem ser resolvidas de maneira tão simplória como quer o ancião-candidato. Desculpe o leitor o lugar comum, mas, como diria um velho advogado meu amigo, o buraco é mais embaixo.

Sampaio alardeia, no alto de sua sabedoria, que as mulheres devem ter o direito de decidir sobre a interrupção da gravidez. Segundo ele, “a legalização do aborto acabaria com as mortes causadas pela prática realizada de maneira clandestina”.

Se eu entendi bem, a partir da legalização do aborto, as mortes não serão mais “realizadas de maneira clandestina”, mas sim totalmente legalizadas. Ou não? Sem tautologias ou sofismas, abortar por livre e espontânea vontade, acobertada por uma lei ainda que nefanda, seria menos cruel que matar uma criança de colo?

A psicóloga clínica Ana Maria Moratelli da Silva Rico, em seu ensaio “Vida emocional do Feto” (www. http://guiadobebe.uol.com.br/psicgestante/a_vida_emocional_do_feto.htm),
assegura o seguinte:

"Hoje, o que se sabe é que (o feto) é um ser humano em formação e que reage a estímulos, chupa o dedo, dorme e acorda, tem movimentos respiratórios, movimenta-se à procura de posições que lhe sejam mais confortáveis, boceja e soluça, sorri e chora...”

O aborto deliberado deve ser encarado como frio assassinato. Não há eufemismos para isso. Essa afirmativa tem sustentabilidade científica no fato comprovado de que a vida psíquica do feto não se inicia com o nascimento, e sim uma continuidade da vida intra-uterina.

Falando com o profeta Jeremias, Deus disse: “Antes que eu te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre te santifiquei; às nações te dei por profeta” (Jr. 1.5). O Criador estava dizendo que ainda no ventre Jeremias era uma pessoa. Pessoa escolhida para ser profeta.

Com a legalização do aborto, o Estado estaria legalizando o assassinato, concordam? Então, vamos em frente. Só para ficar mais claro: matar uma criança (feto) não será mais crime. Partindo dessa premissa, que tal legalizarmos também o furto de galinhas? A partir da aprovação da lei, roubar a galinha do vizinho não será mais crime. Principalmente quando você o convida para almoçar. Legal, não?

O mesmo deve acontecer com a maconha. A rapaziada do “fumacê” estará liberada para dar suas altas baforadas, sem que nenhum “puliça” tenha nada a ver com sua “viagem”. Eh, país legal, hein? Para o candidato do P-Sol, “a legalização da droga, que passaria a ter o controle estatal, seria uma forma de combater a violência gerada pelo tráfico”. Pronto! Juro que não entendi.

Já quanto ao casamento gay, Plínio de Arruda Sampaio ensina que este “deve ser separado das questões religiosas”. E pode? Vejamos se eu entendi: será que vai ser realizado só – e tão só – diante de um juiz (ou juíza) de paz, e jamais na presença de um pastor ou de um padre? Isso não seria discriminação? Sei lá!

Ainda bem que pouca gente neste país já ouviu falar de Plínio de Arruda Sampaio. Sabe-se muito longe tratar-se de um ex-bolchevique petista. Aliás, o tempo que ele terá na TV será mínimo, e, por já ter demonstrado não possuir o carisma de um Enéas Carneiro (Meu nome é Enééééas!), passará batido diante do eleitorado em 3 de outubro. Menos mal.

(*) Jornalista

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